Pedi que os seguidores de minhas redes sociais deixassem suas dúvidas e curiosidades, com base nelas, foram elaboradas perguntas para uma entrevista elucidativa com a Nutricionista Amanda Lima, Mestre em Nutrição pela Universidade Federal de Pernambuco, da qual sou paciente desde 2015. Vamos a uma enxurrada de conhecimento a seguir, confiram:

 

  1. Quais alimentos devem ser cortados/reduzidos para evitar acúmulo de gordura abdominal?

 

Os estudos mais recentes em relação à Nutrição apontam que os grandes vilões do acúmulo de gordura corporal, principalmente na região do abdômen, são os excessos de carboidratos simples na dieta, como por exemplo: açúcar e doces no geral, pães, massas e bolos, preparados com farinhas refinadas, além de alimentos industrializados ricos em xarope de frutose e glucose.

 

  1. É possível fazer dieta sem incluir verduras entre os alimentos?

 

Sim, tudo depende dos hábitos alimentares do paciente, durante o processo de reeducação alimentar o ideal é que sejam introduzidos alimentos que fazem parte da rotina alimentar do paciente. Também pode ser feita a introdução gradual de alimentos que o paciente possua maior afinidade, além do uso de suplementos vitamínicos e minerais que podem suprir a deficiência dos nutrientes que o paciente não ingere.

 

  1. Quais as medidas realmente coerentes que devem ser tomadas no dia posterior ao abuso de bebidas alcoólicas ou excessos?

 

O abuso do álcool normalmente leva a desidratação do corpo, então inicialmente a medida mais eficiente é a reidratação, ingestão de água, sucos e alimentos ricos em líquidos, além de hidratar a água vai ajudar a eliminar as toxinas presentes no organismo. Outra medida eficiente é o retorno para sua rotina alimentar normal, para reequilibrar sua alimentação e a ingestão de nutrientes. Em caso de alguma disfunção intestinal causada pelos exageros, recompositores da microbiota intestinal podem ser utilizados para melhorar a função intestinal e a imunidade, a exemplo dos probióticos. Os probióticos são bactérias benéficas que atuam melhorando as funções intestinais e também o sistema imunológico.

 

  1. Qual sua opinião sobre a suplementação com Caseína, para os que mantém uma dieta pobre nessa proteína?

 

A caseína é um tipo de proteína do leite, quando avaliamos a proporção de proteínas presentes no leite e seus derivados, a fração da caseína é a mais presente em relação ao whey protein, ou proteína do soro do leite, que está presente em quantidade inferior. Vale ressaltar que as duas frações são consideradas proteínas de alto valor biológico, ou seja, fornecem todos os aminoácidos essenciais para a síntese proteica. A caseína possui uma digestibilidade mais lenta o que faz com que muitas pessoas optem por ela para ser ingerida no período antes de dormir com a finalidade de manter uma liberação prolongada de aminoácidos durante o jejum noturno. Como já mencionei anteriormente a caseína constitui a fração em maior abundância no leite e seus derivados lácteos, outra fonte protéica que também podem ser utilizada com essa finalidade é a albumina, presente no ovo.

 

  1. E os polivitamínicos, contribuem para o ganho de peso ou ajudam a emagrecer?

 

Os Polivitamínicos servem para corrigir carências de vitaminas e minerais, como muitos destes participam das reações do nosso metabolismo energético, a deficiência deles pode levar a um mal funcionamento metabólico e consequente ganho de peso. Fazer a correção dessas deficiências pode ser um fator imprescindível para uma melhora metabólica.

 

  1. Quais os suplementos alimentares mais eficazes, na sua opinião, para ganho/manutenção de massa magra e perda de gordura?

 

Atualmente é consenso na comunidade científica o uso de alguns suplementos que atendem esses objetivos como, por exemplo: whey protein, creatina, beta-alanina e cafeína. Lembrando que não adianta sair tomando tudo de uma vez, a quantidade, o horário e o tipo de suplemento devem ser avaliados criteriosamente pelo profissional que acompanhe o paciente. Até mesmo porque alguns têm melhor eficiência quando utilizados de forma combinada, como por exemplo, a creatina e a beta-alanina e outros devem ser utilizados de forma separada, uma vez que um interfere na resposta do outro. A exemplo da Cafeína que deve ser usada em ciclo separado da creatina, porque aquela inibe o efeito desta, são os chamados suplementos antagônicos (consulte seu nutricionista).

 

  1. Sobre as oleaginosas e o óleo de coco: há um horário preferencial para consumo?

 

Não, depende de como o plano alimentar está estruturado e qual a estratégia nutricional que está sendo empregada pelo nutricionista. Normalmente as oleaginosas são utilizadas nos lanches, mas nada impede de serem utilizadas no almoço, por exemplo, quando busca-se um maior aporte de gorduras nessa refeição.

 

  1. Numa dieta ‘para secar’ (perder gordura) como devem ser o pré e pós-treino?

 

Pré e pós-treino são apenas nomenclaturas que utilizamos para descrever as refeições que são realizadas antes e depois do treino, podendo ser elas um lanche, ou uma grande refeição, como o almoço ou o jantar. Os fatores que interferem no tipo de refeição a ser realizada estão relacionados a como está distribuído ao longo do dia seus macronutrientes (carboidratos, proteínas e gordura), ou seja, não adianta se preocupar com o que vai comer depois do treino, se durante todo o seu dia você não teve uma alimentação adequada. Outro fator que deve ser observado é o tipo de estímulo realizado durante a atividade física, se metabólico ou tensional, se aeróbico ou treino de força, e até mesmo o grupo muscular treinado. Com essas informações podemos modular a oferta de carboidratos, gorduras e proteínas para obter determinado efeito metabólico.

 

  1. Qual sua opinião sobre dietas LCHF (baixas em carboidratos e elevadas em gorduras)? É verdade que essas dietas podem sobrecarregar os rins?

 

A dieta LCHF é uma dieta rica em gorduras e restrita em carboidratos, trata-se de uma estratégia nutricional que pode ser utilizada para melhora de composição corporal e perda de peso, uma vez que além de estar associada a uma maior saciedade, fazendo com que o indivíduo como menos, também promove um maior estímulo metabólico a mobilização de gorduras. Em relação à sobrecarga renal, não há nenhum estudo relacionando esse tipo de estratégia nutricional a esse fato. Porém vale salientar que nem todo paciente está apto a esse tipo de dieta, principalmente os portadores de ansiedade e compulsão por doces, uma vez que a privação de carboidratos pode desencadear esses episódios e dificultar a adesão ao plano alimentar.

 

  1. Adoçantes podem interferir na queima de gordura?

 

Sim, muitos adoçantes culinários são à base de frutose, um tipo de carboidrato que quando consumido em excesso está associado ao acúmulo de gordura, principalmente na região abdominal.

 

  1. O açaí (sem xarope) é um vilão ou amigo numa dieta saudável? Atrapalha a queima de gordura?

 

Não. O açaí quando consumido sem xarope é um ótimo alimento. Mas vale ressaltar que é muito difícil dizer se um alimento atrapalha ou ajuda na perda de gordura corporal. Nenhum alimento isolado faz isso, depende da quantidade que é ingerida e de como está montado seu planejamento alimentar. Claro que se você possui uma necessidade calórica X e consome 2X, você vai ganhar gordura, não pelo alimento em si, mas pelo excesso de calorias ingeridas.

 

  1. Na hora de adoçar bebidas e/ou receitas, qual a forma mais saudável de fazê-lo? Deve-se optar por mel, agave, açúcares de IG inferior ou adoçantes?

 

Açúcar sempre será açúcar, independente do tipo que é usado. É um carboidrato simples e não é aliado no processo de perda de gordura corporal ou de emagrecimento. Dessa forma seu uso deve ser limitado. O ideal é que seja utilizado adoçantes de boa qualidade como estévia ou xilitol, além do estímulo ao paladar para consumo de alimentos na sua forma natural, principalmente de alimentos que já são adoçados naturalmente, como os sucos.

 

  1. Qual o papel das gorduras numa dieta equilibrada? Elas ajudam ou atrapalham?

 

As gorduras são imprescindíveis dentro de uma dieta equilibrada, além de fonte de vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K), elas também participam da síntese de hormônios, na formação da bainha de mielina, que é responsável pela condução do impulso nervoso, além de fazer parte da formação das nossas membranas celulares. São importantes no fator saciedade, ou seja, fazem com que o indivíduo sinta menos fome, além de ajudarem no melhor funcionamento do metabolismo.

 

  1. Quem tem menos tempo para atividades físicas, deve comer ‘menos’/reduzir a ingestão calórica?

 

A necessidade energética do indivíduo deve sim levar em consideração sua prática de atividade física, uma vez que se há um menor gasto energético não há necessidade de uma ingestão calórica tão elevada e vice-versa.

 

  1. Aveia, farelo de aveia ou farinha de aveia?

 

Farelo de aveia, sem dúvida. Além de ser menos calórico é o mais rico em fibras. Auxilia no controle do índice glicêmico da refeição e influencia na absorção de gorduras na dieta, além de ser rico em beta-glucanas um tipo de fibra solúvel que é considerada prebiótico, ou seja, estimula o desenvolvimento de uma flora intestinal saudável. Já a farinha de aveia é o menos indicado, por possuir um maior índice glicêmico e ser considerada uma farinha refinada, pobre em fibras.

 

  1. Qual mensagem deixaria para quem está querendo começar uma vida mais saudável? Deixe seus contatos para a gente!

 

Para quem está iniciando uma prática de vida mais saudável, é imprescindível fugir de modismos alimentares, procurem informações válidas e entendam que não existem milagre nem alimentos milagrosos, não adianta de nada consumir óleo de coco com café e comer hambúrguer no jantar, não é o consumo de um alimento isolado que te trará resultados e, sim, um conjunto harmonioso e equilibrado de nutrientes. Não existe suplemento que faça milagre, eles são úteis dentro de um conjunto. Ou seja, preocupem-se com o todo, melhorem seus hábitos, Aprendam sobre os alimentos, o papel de um bom nutricionista é ensinar e dar autonomia e conhecimento ao seu paciente, e não, escravizá-lo. Não sejam reféns de consultórios e nem de alimentos, equilíbrio sempre!

 

Amanda Lima

Nutricionista, Especialista em Nutrição Clínica pelo Programa de Residência em Nutrição do Hospital Universitário Oswaldo Cruz – UPE.

Mestre em Nutrição pelo Programa de Pós-graduação da Universidade Federal de Pernambuco – Área de Bases Experimentais da Nutrição.

Contatos: amandacosta.nutricao@gmail.com

Consultório: Rua Tabira, 203. Boa Vista. Recife, PE. Tel: (81) 3314-9636.